Você diz que os resultados não são tão importantes para você, que compete por prazer?
O skate é um esporte bem diferente de muitos que estão por aí, como automobilismo, motocross ou até o próprio futebol. Ele proporciona algo que só quem pratica o esporte sabe, que é a emoção, o prazer, o amor. E por isso que me referi em algumas entrevistas que as competições e as premiações não são o mais importante de tudo isso. E sim a satisfação de eu me superar e provar para mim mesmo que, apesar dos 32 anos, ainda sou um cara bastante competitivo e que posso estar no lugar mais alto do pódio. Acho que essa é que é minha maior motivação.
Com 22 anos de carreira, vários títulos, como o bicampeonato mundial, qual a força para ainda seguir no esporte?
Minha vida mudou bastante. Fazem 10 meses que estou casado, nasceu minha filha Vitória agora há pouco, eu acho que toda motivação que até então estava se perdendo no decorrer da minha carreira, voltou com todas essas mudanças. E por esse motivo falo que quero chegar ao tricampeonato mundial, chegar ao décimo segundo título brasileiro, porque a chegada de Vitória me deu muita motivação e hoje estou com as baterias bem carregadas porque essa nova fase da minha vida mudou muitas coisas e me fez retornar toda a garra que eu tinha no começo da minha carreira.
Ferrugem, você já pensou na aposentadoria?
É cara, é meio difícil falar. Na semana passada nós tivemos a aposentadoria do Ronaldo Fenômeno. Claro que são proporções diferentes, do skate e do futebol, mas eu acho que o que eu quero para minha vida é conseguir encerrar a carreira de atleta profissional no auge. E por esse motivo estipulei dois anos para me aposentar, porque tenho certeza que com o nível de skate que tenho e com o potencial que ainda estou demonstrando nas competições, consigo levar aí mais uns dois anos de competição estando na cabeça da galera, estando no topo do pódio, sempre. Mas isso é algo que a gente só vai ver no decorrer do tempo.
Mas a aposentadoria é um decisão difícil de tomar, certo?
É difícil, mas eu digo abandonar as competições no sentido de não estar competindo com a mesma garra que hoje tenho demonstrado nos campeonatos. Mas isso é um lado muito bacana a gente falar porque muitas pessoas pensam que a carreira de um atleta profissional termina quando ele para de competir. E hoje o Ferrugem, Sandro Dias, Bob Burnquist, estão aí mostrando que o skate é muito mais do que somente uma carreira de atleta, porque hoje nós estamos vivendo um momento muito forte no esporte, onde o mercado está muito aquecido, a molecada está curtindo pra valer. E mesmo com a aposentadoria a gente vai continuar no meio do skate com as nossas empresas, lançar produtos com o nosso nome, aproveitando tudo que a gente conquistou, mas de uma forma lucrativa. Fora das competições, sim, mas explorando o lado empresarial do skate.
Além do reconhecimento, o skate lhe deu condição para uma aposentadoria tranquila?
Sem dúvida. Eu já tenho uma programação na minha vida, graças aos meus pais. A grande maioria dos atletas não tem carteira assinada, ou algo assim, mas com a cabeça que eu tive consegui administrar todo o dinheiro que ganhei, tendo investimento, abrindo meu negócios - Ferrugem Skateboard e uma importadora de motocicletas -, tendo minha previdência privada. Então, eu e os atletas já citados vamos nos tornar referência para essa nova geração, para que façam um trabalho igual ou melhor do que o nosso.
E a importância do Curso de Capacitação em Iniciação em Skate da Sesporte?
É importante, porque não adianta só ter pistas - no Ceará são 25 pistas -, ou campeonatos, mas a gente precisa contar com pessoas que entendam de tudo disso. Nós já tivemos a palestra do André Viana Figueiredo, presidente da Federação de Skateboard do Rio de Janeiro e hoje (ontem) é minha vez. O curso de capacitação da Sesporte prossegue até amanhã.
*Rodil Ferrugem é Skatista Profissional
Fonte: DIÁRIO DO NORDESTE
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